Por Carlos Casallas, Líder do Fundo de Investimento em Missões de Impacto (FIMI) no Fondo Acción.
No Fondo Acción, acreditamos que a COP30 deve se concentrar em três eixos principais: Preenchendo a lacuna entre o financiamento climático e a natureza, mobilizar recursos para soluções integradas que reconheçam sua interdependência; fortalecer as capacidades locais e comunitárias para implementar essas soluções de forma eficaz, reconhecer o papel fundamental dos territórios na ação climática; e promover mecanismos inovadores e colaborativos para facilitar o acesso ao financiamento, especialmente para agentes locais, empresas de impacto e organizações da sociedade civil que trabalham com soluções sustentáveis e dimensionáveis.
Essa visão está incorporada em temas-chave, como uso sustentável da biodiversidade gerar alternativas produtivas baseadas na bioeconomia, com ênfase em sua articulação com os mercados, especialmente a partir de modelos comunitários. Também a necessidade de ampliar os mecanismos de acesso direto ao financiamento climático, com prioridade para os atores locais e territoriais. Isso inclui a promoção de instrumentos inovadores, como seguro climático, monetização de ativos ambientais e a participação ativa do setor privado (gerentes de ativos, investidores institucionais e corporativos).
A ação climática deve ser enquadrada em uma perspectiva de justiça social que garanta uma participação real e estrutural das comunidades vulneráveis, com ênfase em crianças, jovens, mulheres e povos étnicos, na tomada de decisões e na implementação de soluções. Além disso, é essencial abordar adaptação às mudanças climáticas e resposta a perdas e danos, sob uma abordagem de justiça intergeracional e igualdade de gênero. Paralelamente, ele deve promover inovação tecnológica, promover o desenvolvimento e a adoção de tecnologias emergentes que aprimorem a ação climática nos territórios, bem como fomentar educação e conscientização sobre o climaO objetivo é promover a conscientização ambiental, por meio de políticas públicas e programas que fortaleçam a conscientização ambiental desde a infância e em todos os níveis da sociedade.
Essa forma de pensar reafirma o nosso compromisso com soluções integradas, inclusivas e baseadas em conhecimento e ação a partir dos territórios.
Nesse cenário, acreditamos que o ecossistema de investimento de impacto precisa atuar de forma estratégica e propositiva na COP30, alinhando suas capacidades às prioridades climáticas e sociais dos territórios. Nossa experiência na mobilização de recursos para iniciativas de adaptação, conservação e desenvolvimento sustentável nos permite apontar três frentes principais de atuação:
- Defesa coletiva e posicionamento técnico: É essencial que o ecossistema de investimento de impacto seja articulado como um ator com propostas concretas, mostrando como o investimento orientado por objetivos está gerando resultados ambientais e sociais no território. A COP30 representa uma oportunidade para tornar esses casos visíveis e propor estruturas regulatórias e financeiras que os aprimorem.
- Integração com fluxos de financiamento climático: No Fondo Acción, descobrimos que o investimento de impacto pode complementar os instrumentos tradicionais de financiamento e cooperação climática, trazendo inovação, eficiência e sustentabilidade à implementação. É fundamental que o ecossistema se vincule aos mecanismos da Convenção e promova modelos de cofinanciamento público-privados.
- Promoção de parcerias com várias partes interessadas: A COP30 deve se consolidar como um espaço para gerar parcerias entre investidores de impacto, governos, sociedade civil, bancos públicos e instituições multilaterais. Essas parcerias podem ser traduzidas em veículos financeiros e programas conjuntos que ampliem as soluções baseadas na natureza, na resiliência climática e no desenvolvimento inclusivo.
Acreditamos que este é o momento certo para que o investimento de impacto ajude a fechar lacunas na ação climática e se firme como um pilar da transformação sustentável na América Latina.
Nossa região — e a Colômbia, em especial — ocupa um lugar estratégico nas agendas globais de clima e biodiversidade, não só pela gravidade dos impactos que enfrenta, mas também por sua enorme capacidade de desenvolver e colocar em prática soluções inovadoras, inclusivas e replicáveis. Essas soluções impulsionam ações locais com um olhar comunitário e ecológico, contribuindo de forma concreta para os compromissos globais a partir dos territórios.
Entre as iniciativas que reforçam essa visão, destacamos:
- Promoção do investimento verde e da bioeconomia para combater o desmatamento, que busca fortalecer a estrutura institucional e criar mecanismos financeiros para promover o gerenciamento sustentável da biodiversidade e das florestas. Seus resultados incluem: um guia de financiamento de projetos de bioeconomia para o setor financeiroO programa também inclui a aceleração e o investimento em 18 iniciativas em áreas de alto desmatamento, principalmente lideradas por organizações locais, e o desenvolvimento de um instrumento de garantia para empresas de base científica e tecnológica.
- O Fundo de Ação Climática para Meninas, Meninos e Mulheres (FACNNM), um modelo pioneiro em todo o mundo, com mais de 27 projetos em andamento que fortalecem a resiliência territorial a partir de uma perspectiva de direitos, gênero e crianças.
- Plataformas para participação de jovens e intergeracional, que facilitaram as consultas de atualização da NDC com os jovens, enquanto o Fondo Acción liderou processos de educação climática e gerou evidências do impacto das mudanças climáticas sobre as crianças.
- Seguro climático para ecossistemas, por meio do projeto e da implementação de seguro paramétrico para a proteção de recifes de coral no Caribe colombiano. Essa iniciativa gerou aprendizados importantes em termos de governança, com a participação ativa das comunidades locais, bem como na ativação e mobilização de recursos do setor privado, especialmente do setor de turismo. Essa é uma evidência do interesse do setor em proteger o capital natural e, ao mesmo tempo, promover meios de subsistência sustentáveis para as populações que habitam esses territórios.
- Solnatura, uma iniciativa que busca financiar projetos locais com foco em soluções baseadas na natureza. Esses projetos devem contribuir para a agenda climática, promover o ganho ou a redução da perda de biodiversidade e gerar meios de vida sustentáveis e oportunidades produtivas para as comunidades locais.
Você pode conhecer mais sobre o trabalho do Fondo Acción em: https://fondoaccion.org/
